Gex é o personagem que muitas vezes foi associado como mascote do 3DO, e seu sucesso fez com que chegasse aos outros sistemas da época, e após mais de 20 anos, nossa querida lagartixa televisiva está de volta em GEX Trilogy, coletânea produzida pela Limited Run Games, em parceria com a SQUARE ENIX, os três jogos lançados ao PlayStation finalmente estão acessíveis aos consoles modernos e PC, e vamos comentar sobre o trabalho da LRG em preservar essa franquia através da Carbon Engine (desenvolvida pelo Dimitris Giannakis, programador e YouTuber "MVG - Modern Vintage Gamer"). Agradecimentos ao 'Urubuxa' pela thumbnail, e ao pessoal da Limited Run Games e Agência Masamune que mandou a versão digital para análise na WDN.
Mas antes de partir para a Review, vamos discutir um lance que gera muitas dúvidas aos jogadores: quem é a dona do GEX? O personagem foi criação da Crystal Dynamics, mas que posteriormente virou uma subsidiária da Eidos Interactive (em 1998), e em 2009, a Eidos foi adquirida pela japonesa SQUARE ENIX, e em 2022, a Embracer Group adquiriu a Crystal Dynamics e Eidos-Montréal para a formação da CDE Entertainment, no entanto, enquanto a Embracer ficou com as IPs de Tomb Raider, Deus Ex etc., a Square Enix Limited manteve alguns ativos da Eidos, como Just Cause, Gex e até Fear Effect (que também será relançado pela Limited Run em breve).
Enredo, Gameplay, Proporções de tela etc.
O 1° Gex foi um jogo de plataforma 2D lançado em 1995 pra 3DO, PlayStation, Sega Saturn e PC, enquanto suas sequências viraram jogos 3D para PlayStation e Nintendo 64, em todas as tramas, nosso protagonista enfrenta o Rez, um ser cibernético que deseja controlar a Media Dimension, e aí que embarcamos em algumas jornadas por vários mundos através da Televisão, e estamos no controle da lagartixa em sua jornada que, além de ser dublada pelo comediante Dana Gould, faz várias referências à filmes, séries televisivas com pitadas de humor dos anos 90. E saímos por aí em vários mundos derrotando inimigos com a calda, quicando, subindo as paredes, coletando controles remotos para avançar no progresso etc.
O Gex 1 foi portado para PlayStation pela finada Beam Software (com ajuda da própria Crystal Dynamics), e na coletânea, o jogo começa com a opção de jogar na proporção 4:3, podendo alternar também para 16:9, porém não é um Widescreen nativo (e sim com a tela esticada), e jogando em proporção 4:3, é possível jogar com as bordas laterais pretas ou adicionar background pra enfeitar o fundo.
Já em Gex: Enter The Gecko (2° jogo) e Deep Cover Gecko (3° jogo), o time da Carbon Engine fez algumas modificações no jogo, sendo possível jogá-lo em Widescreen nativo, e implementaram melhorias no controle analógico, deixando menos "reto" possível e passear livremente pelos cenários.
Caso o jogador queria jogar os Gex em 3D, através de um Patch lançado ainda no dia de lançamento da coletânea, temos também a opção de jogar as versões europeias lançadas pela BMG Interactive e Eidos, onde o Gex é dublado pelo saudoso Leslie Phillips (no 2° jogo) e Danny John-Jules (no 3° jogo). No entanto, se tratando de versão PAL 50hz, os jogos tende à ter uma lentidão em comparação às versões NTSC.
Novas mecânicas da Carbon Engine
Além da questão de proporção de tela e controles analógicos, tem uma questão importante à respeito das opções de configurações e salvamento do progresso. A LRG implementou um menu interativo (que lembra muito a estética de Persona 5) para você modificar a proporção de tela, reiniciar o jogo e até mesmo salvar o progresso, isso é bem bacana, porém, removeram algumas coisas no menu dos jogos do Gex. As opções de configurações foram totalmente removidas, e isso é ruim principalmente no 1° Gex, pois os botões para usar a língua é o Quadrado (ou A no controle de 3DO e Sega Saturn), de atacar com a calda é o Bolinha (C no 3DO e Saturn), e L1 para correr, e muitas vezes eu morri de bobeira com isso porque estou acostumado a jogar com os "botões invertidos".
Mas se você demorar pra se acostumar com os controles, ou até achar que o game dificulta lá na frente, a Carbon Engine oferece o recurso "Rewind" para rebobinar em partes com segundos de diferença, e também Save States, e por incrível que pareça, é o único meio que você consegue salvar seu progresso, pode parecer vantajoso até demais para o jogador, mas no caso do Gex 1 é muito útil, pois só a versão de 3DO é possível salvar, enquanto as versões de PlayStation e Sega Saturn utilizasse de Passwords, que torna a ferramenta de Save States mais útil possível (e uso de Passworlds totalmente descartável).
OBS: Vale ressaltar também que os trailers em FMV da Crystal Dynamics, o logo da Midway Games, e as demos jogáveis da Eidos, presentes nos três jogos (respectivamente) foram totalmente removidos da coletânea, creio que a Limited Run cortou essa parte tanto por não ser o foco da coletânea, como também pela franquia não estar mais associada aos três tópicos.
Gextras, Tailtunes etc.
Além dos três jogos, temos também alguns Extras, ou melhor, "Gextras", que são alguns materiais de preservação da franquia, como Artworks promocionais, Scans das capas, manuais etc. E também o Tailtunes, um player de músicas da trilha sonora completa da trilogia. Só que infelizmente logos e menções à Sega Saturn, PlayStation, BMG Ariola, BANDAI, Midway, Tomb Raider, Legacy Of Kain etc. foram removidos de vários materiais que envolvem scanner, então fica um trabalho meio incompleto na preservação (e as vezes com espaços em branco ou preto), a justificativa talvez seja por possível custo em expor tais marcas, o que possibilitou mostrar apenas a capa do 3DO por completo.
Temos também alguns vídeos disponíveis para assistir, como os comerciais da época, vídeos mostrando as fases exclusivas do Nintendo 64 (que ficaram de fora da coletânea, pelo fato da Carbon Engine não suportar o console ainda), um trecho em vídeo do Gex Jr., protótipo descartado pela Eidos em 2001, trailers da própria LRG, e uma entrevista exclusiva com o próprio Dana Gould, a voz do Gex.
Envolvimento da SQUARE ENIX e de uma lenda do FINAL FANTASY
Eu não sei dizer se Gex tem uma popularidade forte no Japão (apesar da BMG Victor e BANDAI terem publicado o Gex 1 e Enter The Gecko), mas a SQUARE ENIX permanece como dona da franquia, e nesse contexto, a Limited Run contou com não só com a participação de Dana Gould, mas também da colaboração de uma lenda por trás da franquia FINAL FANTASY: Yoshitaka Amano
Por muitos anos, Amano-San foi o principal ilustrador de FINAL FANTASY, cuidando da estilização dos logos e também sendo Character Designer principal da franquia até o 6° jogo, onde posteriormente foi substituído pelo Tetsuya Nomura no FFVII. Segundo Josh Fairhurst (CEO da Limited Run) em seu LinkedIn, o envolvimento de Yoshitaka Amano foi para a criação de uma capa ilustrativa da edições físicas de colecionador, onde Amano-san ilustrou o Gex segurando um sabre, e de fundo um Rez de aparência mais maléfica do que nunca. E num tom bem humorado, Josh concluiu que era a melhor oportunidade para "o maior artista da SQUARE ENIX ilustrar uma arte da maior IP da SQUARE ENIX (se referindo ao Gex)".
Hoje, Yoshitaka Amano é um freelancer recorrente da SQUARE ENIX, além desse trabalho em GEX Trilogy, ele também continua ilustrando para a franquia FINAL FANTASY, como no logo do FFXVI com os Eikons da Fênix e Ifrit, e as capas das expansões ENDWALKER e DAWNTRAIL de FINAL FANTASY XIV.
Além disso, a coletânea também contou com o envolvimento da Square Enix External Studios (de Life Is Strange e Just Cause) durante a produção e no licenciamento. E mesmo que não esteja publicando, vejamos que a SQUARE ENIX demonstrou um pouco de "carinho" com a franquia através de suas redes sociais, quando o Gex teve sua participação no Astro Bot, e também em divulgações para divulgar o material da Limited Run Games.
Conclusão
Afinal, GEX Trilogy vale a pena? Com toda certeza! Apesar de alguns materiais de preservação ficarem incompletos, não ter opções de modificar controles (com ênfase no primeiro jogo), e de que não temos os jogos de Game Boy Color disponíveis para jogar, vale muito a pena experimentar essa coletânea dos três clássicos do PS1, principalmente pelas "features" que a Carbon Engine deixou para nós, deixando o jogo fácil ao ponto de conquistar jogadores mais novos, apesar de piadas mal datadas com puro suco dos anos 90.
E no fundo do coração, esperamos que GEX Trilogy traga resultados positivos ao ponto da SQUARE ENIX poder voltar com a franquia, pois é um desejo não apenas de muitos jogadores, como também de sua voz, Dana Gould.
Agradecimentos ao pessoal da Limited Run e Agência Masamune pelo apoio! Visite o site oficial da LRG para mais detalhes da compra da mídia digital e física. Gameplay em vídeo disponível no canal "RetroGamer Database Brazil".