Esse é um ano mais que especial para o PAC-MAN, nosso Come-Come amarelo tem celebrado seus 45 Anos de variadas formas, e além do Shadow Labirynth e um Atari 2600+ com suas cores temáticas, tivemos a volta de um clássico: PAC-MAN World 2. Esse que sem dúvidas fez a infância de muitas pessoas que tinham PlayStation 2 (e os raros brasileiros donos de GameCube e XBOX Clássico), está de volta para os consoles da geração atual e PC, e esse é especial, pois ele trouxe mudanças significativas em relação ao título original. Quero agradecer a Theogames e BANDAI NAMCO pela confiança de trazer essa review pra WDN, e ao 'Urubuxa' por essa thumbnail incrível.
Mas antes de começar, vamos só recapitular um pouco do game original:
PAC-MAN World 2 é um jogo de plataforma 3D lançado em 2002. Ele é uma sequência do primeiro PAC-MAN World (embora o enredo não apresente tantos ganchos do 1° jogo), desenvolvido pela Namco Hometek, antiga divisão da NAMCO para publicação de jogos na América, e que produzia jogos plataforma do PAC-MAN na era do PlayStation 1 e 2, mas posteriormente o estúdio focou em outros títulos como Dead To Rights, e o World 3 e World Rally foram parar nas mãos de estúdios externos. No começo dos anos 2020, a BANDAI NAMCO se juntou à Now Production, e após o lançamento de PAC-MAN Museum+, passaram a produzir juntas os remakes de PAC-MAN World, e o Re-PAC 2 chega para celebrar os 45 Anos da franquia.
Enredo
O jogo começa com Blinky, Pinky, Inky e Clyde fazendo uma onda de travessuras na Pac-Vila (uma cidade/vilarejo de Pac-Land), e no decorrer de brincadeiras, os 4 fantasmas tiram as 5 Frutas Douradas da árvore central da vila, e enquanto ficam brincando de bobinho, malabarismo e embaixadinha com as frutas, uma criatura sombria sai da árvore da qual estava selada, o Spooky (ou "Nefasto", como é chamado na localização PT-BR). Ele ordena que os 4 Fantasmas peguem as Frutas Douradas, e sem a energia delas na árvore, é o suficiente para espalhar o caos por Pac-Land.
Ao amanhecer, PAC-MAN vê a Pac-Vila destroçada pelas raízes da árvore, o Professor Pac conta a epopeia acerca do ancestrais da Pac-Vila na missão de ter selado o Spooky pela 1ª vez, e o objetivo do PAC-MAN é enfrentar os fantasmas para recuperar as Frutas Douradas e assim, derrotar o Spooky novamente.
MAS é importante alertar o seguinte: o final do jogo tem uma mudança no jogo original, e também um pós-game. Evitaremos falar dele para evitar spoilers aos leitores.
Gameplay e Mecânicas
O jogo apresenta as mecânicas originais do título original de 2002, porém com algumas mudanças: o PAC-MAN tem as habilidades de quicar com pulo e dar corridinha Rev Roll, como também disparar as bolinhas Pac-Dots - habilidade essa que só tinha no primeiro jogo, e de dar pontapés enquanto está no chão, que apesar de ter no jogo original, ela funcionava apenas ao pular.
Sobre a Quicada, o PAC-MAN quica normalmente, mas também tem um timing preciso pra executar, pois quando um circulo iluminado estiver bem na circunferência do PAC-MAN, ele quica com uma grande força ao ponto de atordoar os inimigos, e ganhando um impulso extra para lugares mais altos.
Quando pegamos a Power Pellet (ou "Brilhoso", como sempre chamo aquela bola brilhante desde criança hehehe), o PAC-MAN fica gigante, e conseguindo não apenas comer o fantasmas, como também imune a ataques de outros inimigos.
Sobre o Rev Roll, o que me incomodou é que, jogando no controle de PlayStation, você usa essa habilidade ao apertar o TRIÂNGULO (Y no XBOX, e X no Nintendo Switch), quem teve essa ideia maluca? Pois eu to acostumado a usa-la com o Quadrado, mas pelo menos é possível alterar nas configurações, porque se não ficaria confuso de se jogar (e meio que apanhei por causa disso na gameplay acima).
Mudanças e Melhorias significativas
Esse Remake conseguiu aprimorar muita coisa em relação ao jogo original. Pra começar, o mapa-múndi de Pac-Land tá tudo centralizado na Pac-Vila, com os territórios sendo acessíveis pelos portões da cidade, diferente do jogo original, que tinha que fazer uma odisseia para caminhar até uma fase específica.
O jogo de 2002 é ótimo, mas como collectathon...envelheceu muito mal (principalmente pra uma criança de 6 anos ou algo assim), pois ele tinha muitas frutas e Tolkens para ser coletados quase que de forma excessiva, mas esse nem é o maior dos problemas, tinham fases que deixavam isso de forma muito oculta, e a câmera fixa com o curto Draw Distance atrapalhava demais. O PAC-MAN World 2 original nem dava obrigação de pegar tudo pra um final 100% ou algo do tipo, no caso dos Tolkens, apenas para liberar os jogos de Fliperama e o Museu mesmo.
Já no World 2 Re-PAC, isso mudou bastante, ainda há frutas pra serem coletadas com um certo limite, mas em poucas quantidades, além disso temos baús com uma contagem exata de frutas que, ao coletar o numero máximo da fase, liberamos itens como vidas, Galaxians (que libera os labirintos) e Gashapons. Os Tolkens deixaram de ser obrigatórios, diferente do World 2 original que coletávamos pra liberar os jogos de fliperama, agora usamos apenas como fichas nas máquinas de Gashapons da Pac-Vila.
E um fato importante, é que o Check-Points computam os itens que você tinha coletando instantes antes de perder a vida, ou seja, sem a necessidade precisar pegar tudo de novo.
O PAC-MAN e todos os outros personagens falam nesse jogo (em inglês, como claro), e um fanservice legal, é que a BANDAI NAMCO chamou de volta o Martin Sherman, que foi a voz do PAC-MAN no World 3 lançado em 2005, para reprisar seu papel no Come-Come amarelo.
O que me confortou demais nesse remake foi as fases de neve, não só pela eficácia dos pontapés pra atacar os cabritos (que eram um pé no saco derrotá-los), como também deslizar pelo gelo...no jogo original, qualquer movimento era o suficiente pro PAC-MAN escorregar como se fosse um sabonete, já no remake, apesar dele escorregar se tentar correr ou quicar, ele se mantém firme se ficar andando enquanto pula.
O jogo tem sistemas de tasks pelos moradores da Pac-Vila, algumas como derrotar todos os inimigos, quebrar as caixas, não morrer nos chefes, comer todas as frutas etc., e passar a fase no desafio cronometrado (time-trial), isso incentiva ainda mais no fator replay do game.
Os 4 Fantasmas, que são os chefes principais do jogo, também tiveram mudanças. No jogo original, tirando o Clyde com seu sapo mecânico, as batalhas com Inky, Pinky e Blinky eram praticamente iguais...com um Fantasma mecânico disparando projéteis, agora cada um tem um robô próprio baseado em algum animal de acordo com o território que estão, além de formulas diferentes de batalhar contra eles, enquanto as fases aparentam ser mais fáceis, os chefes tem um grau de desafio (ou ao menos por questão de atenção mesmo, por conta das tasks de não morrer na batalha).
E outro destaque forte nos fantasmas é que o Clyde (fantasma laranja) e o Blinky (fantasma vermelho) estão com os nomes certos, pois os dois eram confundidos erroneamente pela própria NAMCO no PAC-MAN World 2 e outros jogos da franquia, situação essa que foi corrigida na época da fusão com a BANDAI, como também no Remake.
Pac-Village se tornou um Lobby?
A Pac-Vila (ou Pac-Village) era uma fase com itens para coletar no jogo original tendo até presença de inimigos, no Remake não deixa de ser, porém ela se tornou o lobby principal do game, aonde podemos acessar todos os territórios/mundos através dos portões do vilarejo. Em Pac-Vila, podemos explorar o território, e lá temos acesso à troca de roupas/skins, e o Fliperama.
No Fliperama, podemos usar as maquinas de Gashapons (iguais as que tem no Japão e no bairro da Liberdade) pra liberar estatuetas para enfeitar a vila, acesso aos labirintos das fases (que deixaram de ser obrigatórios igual no jogo original), e três games: PAC-MAN Clássico, PAC-MANIA (o PAC-MAN que pula) e PAC-ATTACK (um jogo que se assemelha a Tetris, mas é Re-skin de Cosmo Gang the Puzzle).
Os três jogos, presentes também no jogo original, são liberados ao derrotar o Clyde, Inky e Pinky seguindo as tasks, mas infelizmente a versão de PAC-ATTACK que está aí é diferente, trata-se da versão de Super Nintendo e não a de PlayStation (Namco Anthology 2), apesar daquela versão ser memorável pra todos que jogavam lá no PS2, provavelmente a Now Production não conseguiria emular o PS1 (igual a Limited Run Games e outros estúdios focados em preservação fazem). E também não temos o jogo da Ms. PAC-MAN, bem que poderíamos ter um outro jogo pra substituir (como PAC-MAN Arrangement) pois afinal, de quatro jogos diminuiu pra três, mas existe uma razão pela ausência, a explicação está mais em baixo.
Localização Português-BR
Ao contrário de outros títulos mais recentes (como TOWA e SUPER ROBOT WARS Y, e o 1° PAC-MAN World Re-PAC), o World 2 Re-PAC recebeu localização para o nosso país, ficando a cargo da Lionbridge, que é um estúdio especializado em legendas e até dublagens, como em Mortal Kombat: Legacy Kollection e Halo Infinite.
Incrivelmente a localização tá muito boa, apesar que ainda tento me acostumar com o Spooky sendo chamado de "Nefasto", ou o Pac-Boy sendo chamado de "Pac-Guri". Além disso, colocaram expressões e gírias regionais, como o Inky falando "Bah!".
As traduções se aplicam nos menus e diálogos.
DLC do Sonic e futuras Collabs
E além do conteúdo que o jogo apresenta na campanha principal, o fator replay e seu pós-game, o PAC-MAN recebeu uma colaboração forte com o Sonic - estando disponível a partir do dia 11 de novembro, ela é liberada ao ler uma carta do correio enviada pelo Sonic, que dá Feliz Aniversário, deixa presentes espalhados por Pac-Vila, e aparece uma máquina nova no Fliperama com fases de seu universo.
São três fases que se passam na Green Hill Zone, com duas fases normais e chefe Dr. Eggman, e nas fases tocam os temas da Green Hill, do PAC-MAN World 2 e da Death Egg do Sonic 2.
Jogamos com o PAC-MAN com mecânicas misturadas do Sonic, coletamos tanto as Pac-Dots como também as argolas pra manter a vida, além de derrotar os inimigos do Sonic, temos os fantasmas do PAC-MAN que, ao usar a skin de Sonic, além do Rev-Roll fazer o som do Spin Dash, ao pegar a Power Pellet, o PAC-MAN simula a transformação com as Esmeraldas do Caos e fica com sua toquinha de Sonic dourada - referência ao Super Sonic.
Jogando essa DLC, a impressão que dá é que estamos jogando um Sonic Heroes ou Generations com um pouco das físicas do Knuckles...meio difícil de explicar, mas é porque o jogo tem tasks e anéis vermelhos pra coletar, então é como se fossemos incentivados a explorar o mapa do que correr como se estivéssemos controlando o Sonic, apesar de ter o desafio cronometrado, aí sim passamos a fase correndo.
E essa é a 1ª DLC do jogo (e como forma de retribuir a parceria com a SEGA, PAC-MAN está no Sonic Racing CrossWorlds), ainda teremos futuras colaborações, só não temos ideia do que pode ser. Lembrando que não só o PAC-MAN está fazendo aniversário, mas a BANDAI NAMCO também celebra seus 20 Anos (de fusão), então podemos ter collab com IP externa ou interna da própria BanNam como, por exemplo, DLC de Dig Dug com PAC-MAN usando skin de Pooka, ou Mobile Suit Gundam com o PAC-MAN vestido de Char Aznable etc.
Iremos atualizando sobre futuros Updates.
Uma ausência indescritível - Ms. PAC-MAN
Chegamos no ponto negativo que não é exclusivo do game, mas da franquia em si. Como citado em cima, não temos o Arcade de Ms. PAC-MAN igual no jogo original, mas há um motivo para isso, e precisamos voltar alguns anos atrás:
Ms. PAC-MAN é uma IP da BANDAI NAMCO, só que não foi criação original da NAMCO, e sim de uma empresa chamada General Computer Corporation (GCC) em parceria com a Bally/Midway (que era distribuidora dos jogos da NAMCO na América antes da Atari Games e Namco Hometek assumirem o posto), e nos anos 2010, a GCC entrou em falência e teve os royalties do jogo negociados por uma empresa chamada ATGames - especializada em mini-consoles retrôs, para o licenciamento de produtos oficiais da Ms. PAC-MAN, porém sem a devida aprovação e conhecimento da BANDAI NAMCO.
E mesmo com a BANDAI NAMCO entrando na justiça, os status de royalties de Ms. PAC-MAN continua indefinido, e para evitar problemas com a ATGames, precisaram criar a Pac-Mom (substituta da Ms. PAC-MAN), Pac-Boy e Pac-Sis - já que Jr. PAC-MAN também foi desenvolvido pela GCC. E isso esta afetando drasticamente todos os conteúdos de PAC-MAN com participação (digo, ausência) da sua esposa original, desde relançamentos do Arcade Archives, o PAC-MAN Museum+ e os Re-PACs, e isso é preocupante até mesmo na criação de um (HIPOTÉTICO) World 3 Re-PAC, que tem participação notória dela, ou pior...um relançamento de Ms. PAC-MAN Maze Madness nunca ver a luz do dia!
Nos resta torcer que a BANDAI NAMCO consiga reverter isso.
Conclusão
E então, PAC-MAN World 2 Re-PAC vale a pena? Sem Dúvidas!
Afirmo que esse é um dos casos raros que o Remake consegue superar o jogo original, o que não é ruim, mas como falei...as físicas tão bem mais suaves com a liberdade de movimentar câmera pra todos os lados, diminuíram (pro bem) o seu estilo collectathon de forma justa, chamaram um dublador pra reprisar o papel, e deram identidades próprias nas batalhas com os 4 fantasmas.
São poucos os pontos negativos, mas os mais evidentes é o lance todo da Ms. PAC-MAN, o PlayStation 4 não ter mídia física do game (o único ficando de fora), e o preços dos consoles...o jogo não é tão caro pela edição Padrão, mas pela Deluxe com seus 230 Reais dificulta bastante ainda mais com as DLCs sendo um ponto forte do game. Tirando esses, é um excelente game comemorativo do PAC-MAN.
A gameplay está no canal no YouTube da WDN, e agradeço mais uma vez a BANDAI NAMCO e Theogames pelo apoio. PAC-MAN World 2 Re-PAC está disponível para PlayStation 4 e 5, XBOX One e Series X/S, PC via Steam, e Nintendo Switch 1 e 2.
















